(Agência Patrícia Galvão) “Liberdade, Saúde e Autonomia - Conquistar direitos todo dia!” é o tema da 9ª Caminhada de Lésbicas e Bissexuais de SP, que acontece no dia 25 de junho, às 12 horas, a partir da Praça Oswaldo Cruz, no início da av. Paulista.
Na entrevista abaixo, Lurdinha Rodrigues, liderança nacional da Liga Brasileira de Lésbicas (LBL) e representante do segmento LGBT (composto por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) no Conselho Nacional de Saúde, fala sobre um assunto fundamental e pouco abordado: a saúde das mulheres lésbicas e bissexuais.
“A saúde das mulheres em geral, no Brasil, tem passado por muitas dificuldades e isso se agrava ainda mais no caso das mulheres lésbicas e bissexuais. Se as mulheres têm problemas para ter acesso a ginecologista nos postos de saúde, no caso das lésbicas isso se torna ainda mais dramático, pois há um grande risco de, ao conseguir ser atendida, sofrer preconceito pelo fato de ter uma orientação sexual diferente. Por exemplo, a primeira pergunta de um ginecologista, em geral, é: 'O que faz para prevenir a gravidez?’, ou seja, um questionamento que parte do pressuposto de que ela tem relação heterossexual.
Por sofrer esse tipo de preconceito e pelo mito de que, por não ter relação com homem, essa população não precisa fazer papanicolau e corre menos riscos de pegar DSTs, muitas mulheres lésbicas acabam não indo com a frequência recomendada ao ginecologista. Correm, portanto, grandes riscos de contrair doenças e não tratá-las adequadamente. No Rio Grande do Sul foi feita uma campanha para que as mulheres lésbicas façam os exames preventivos.
Além de campanhas e eventos de conscientização, é urgente que haja investimento do governo na informação e na sensibilização dos profissionais de saúde para que seja feito um atendimento sem discriminação. Não se trata de ter um ambulatório especial para atender as lésbicas, mas sim que todos os serviços e profissionais estejam capacitados para atender toda a população com suas especificidades, ou seja, que todas as mulheres sejam bem atendidas, independentemente da orientação sexual de cada uma.
Pela falta de conhecimento e investimento em estudos e pesquisas sobre a saúde das lésbicas e bissexuais, há uma dificuldade maior de se pensarem políticas públicas que enfrentem os problemas dessas mulheres. Por exemplo, há indícios de que há maior incidência de tabagismo, alcoolismo, uso de drogas e obesidade nessa população. Por que isso acontece? O que é necessário fazer? Outro ponto importante a ser considerado é que a população LGBT, como todos segmentos discriminados, está sujeita a alguns transtornos de saúde mental. Uma pessoa que sofre preconceito e discriminação desde criança está muito mais vulnerável na sua estrutura psíquica.
Os profissionais de saúde precisam ser formados, capacitados e retreinados para atender a população LGBT.”
Maria de Lourdes Rodrigues - coordenadora da Comissão de Saúde LGBT do Conselho Nacional de Saúde
Liga Brasileira de Lésbicas
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